Análise: Como é que Guardiola e Amorim encontram a fórmula vencedora?
Todas as atenções estarão viradas para o Estádio Etihad este domingo, onde Pep Guardiola e Ruben Amorim estão sob pressão para rejuvenescer as suas equipas em dificuldades.
Na sua histórica campanha de tripla vitória, o Manchester City sofreu apenas 43 golos durante toda a época. No entanto, chega a este dérbi com 23 golos sofridos nos últimos 10 jogos em todas as competições. Este período marca também a sua pior época em 18 anos, com sete derrotas.
Entretanto, o Manchester United está em 13º lugar - a sua posição mais baixa após 15 jogos desde a época 1986/87.
Este Manchester Derby A revista "preview" traz-lhe os cinco principais pontos de discussão para aguçar o apetite antes do monumental encontro de domingo.
Quando foi a última vez que o City e o United se defrontaram em tão má forma?
É inédito que ambos os clubes se aproximem de um dérbi de Manchester em tão má forma colectiva na Premier League.
O City conseguiu apenas sete pontos nos seus últimos sete jogos, enquanto o United conquistou apenas oito pontos no mesmo período. Historicamente, pelo menos uma destas duas equipas entrou no dérbi com nove ou mais pontos nos sete jogos anteriores.
Embora o número de pontos combinados tenha sido menor em 2004, isso se deveu principalmente às dificuldades do City na época. Com dois treinadores de primeira linha no comando, é improvável que as dificuldades persistam por muito tempo, mas os dois clubes enfrentam transições significativas.
Amorim está a fazer experiências activas antes de uma grande reforma de verão, com o objetivo de identificar os jogadores que se adequam à sua filosofia tática. Entretanto, Guardiola parece disposto a reduzir a média de idades do seu plantel, enquanto se prepara para a campanha de 2025/26.
Vulnerabilidades do conjunto United
O Manchester City vai ser impulsionado pelo regresso de Kevin De Bruyne, e a sua presença pode ser fundamental para explorar a fraqueza do United em cantos e livres.
De Bruyne é um dos especialistas em lances de bola parada mais fiáveis da Premier League, criando uma média de 1,44 oportunidades por 90 minutos em situações de bola parada. Isso o coloca em segundo lugar, atrás apenas de Andreas Pereira, do Fulham.
O United tem tido dificuldades em defender os lances de bola parada sob o comando de Amorim. Nos dois últimos jogos, sofreu três golos de canto. O Arsenal, em particular, expôs o seu sistema de marcação zonal com dois lances idênticos. Os Gunners isolaram habilmente os dois marcadores do United e manipularam os seus defensores zonais, levando a golos de Jurrien Timber e William Saliba.
Até o Nottingham Forest aproveitou, com Nikola Milenkovic a cabecear depois de fugir ao seu marcador, Lisandro Martinez.
Os problemas de bola parada do United têm sido gritantes ao longo de 2024. Já sofreram 15 golos de cantos este ano, um contraste gritante com o total combinado de 18 golos em 2021, 2022 e 2023. De forma alarmante, 39% dos golos sofridos esta época foram marcados em cantos.
Será que Amorim vai manter o seu atual sistema defensivo ou vai conceber uma nova abordagem para este confronto crucial? Só o tempo o dirá, mas é um desafio que tem de enfrentar com urgência.
Sinais de promessa no ataque do United
Apesar das dificuldades defensivas, o United tem mostrado criatividade nos lances de bola parada sob o comando de Amorim. Começaram a surgir rotinas inovadoras que, embora nem sempre tenham dado origem a golos, demonstram um planeamento tático claro.
Por exemplo, num jogo recente contra o Nottingham Forest, o United usou um livre largo para prender os defesas e criar espaço para Bruno Fernandes encontrar Amad sem marcação. Mais tarde, no mesmo jogo, Lisandro Martinez tentou um voleio bem ensaiado a partir de um canto de longe.
Da mesma forma, no confronto com o Arsenal, o United apresentou uma rotina inteligente em que a corrida de Antony levou a um passe invertido de Fernandes, criando uma oportunidade de remate para o brasileiro. Estas jogadas inventivas sugerem que os lances de bola parada ofensivos do United podem constituir uma verdadeira ameaça se os defesas do City perderem a concentração.
Poderá Guardiola ajustar o sistema do City?
Guardiola poderá pensar em alterar a sua formação para contrariar as recentes dificuldades do City, que apenas venceu uma vez nos seus últimos 10 jogos em todas as competições.
Com apenas três defesas seniores - Kyle Walker, Ruben Dias e Josko Gvardiol - provavelmente disponíveis, Guardiola poderá voltar ao sistema 3-2-4-1 que tão bem lhes serviu na época 2022/23. Desde o início da época passada, o City prosperou com este esquema, com oito vitórias, quatro empates e apenas uma derrota nos 13 jogos em que foi utilizado.
Se o treinador optar pelo 3-2-4-1, o potencial regresso de Phil Foden após a doença poderá levá-lo a fazer dupla com Kevin De Bruyne atrás de Erling Haaland num trio de ataque dinâmico. Foden tem um registo impressionante contra o United, marcando seis golos nos seus últimos quatro jogos Primeira Liga jogos contra eles, enquanto Haaland tem nove participações diretas na baliza dos Red Devils.
Em alternativa, Guardiola poderá colocar Matheus Nunes e Bernardo Silva como laterais, proporcionando largura adicional numa variação mais ofensiva do sistema. Ilkay Gundogan e Mateo Kovacic poderiam formar um duplo pivot no meio-campo, fazendo frente aos dois números 10 de Amorim.
Conseguirá Amorim repetir o seu sucesso contra Guardiola?
Há apenas seis semanas, a equipa do Sporting de Amorim conseguiu uma impressionante vitória por 4-1 sobre o City em Lisboa, num jogo da Liga dos Campeões da UEFA. Foi apenas a terceira vez que Guardiola sofreu quatro golos na sua carreira de 175 jogos como treinador na Liga dos Campeões.
Apesar de ter sido derrotado por 20-9, o Sporting foi capaz de fazer um 5-4-1 disciplinado e de contra-atacar rapidamente. A equipa teve apenas 27,3% de posse de bola, mas aproveitou a vulnerabilidade do City nos contra-ataques rápidos.
A questão que se coloca agora é se Amorim conseguirá replicar esta abordagem no Manchester United. Embora ainda não tenha demonstrado o mesmo nível de coesão com o seu atual plantel, a sua filosofia tática continua a ser clara: pressão agressiva e transições rápidas.
O veredito
O clássico de Manchester promete ser uma batalha tática fascinante. Tanto Guardiola como Amorim enfrentam uma pressão crescente, mas as suas capacidades comprovadas sugerem que são capazes de dar a volta à sua sorte. Com os problemas defensivos do City e as vulnerabilidades do United nas bolas paradas, este jogo pode depender de quem adaptar a sua estratégia de forma mais eficaz.
A expetativa é de um confronto intenso e de alto nível, em que os dois treinadores tentam restabelecer o seu domínio. Qualquer que seja o resultado, ele oferecerá um vislumbre da direção futura dos dois clubes.